sábado, 30 de agosto de 2014

Hoje é Dia de quê?






Hoje é dia de quê? Creio que Dia de Nada. Ou Dia de Tudo. Sei lá! Agora inventaram Dia em homenagem a qualquer coisa. Quarta-feira passada, 20 de julho, foi Dia do Amigo. Teve o Dia das Mulheres em oito de março. Dia das Mães, no segundo domingo de maio e o dos Pais será comemorado no segundo domingo de agosto. Dia dos Namorados foi em 12 de junho e Dia das Crianças será em 12 de outubro. Treze de maio é Dia dos Negros, data da abolição da escravatura no Brasil, assinatura da Lei Áurea. Em 11 de fevereiro comemora-se (?!), homenageia-se (?!) os Enfermos. Já aos Índios coube a data, instituída pelos caras-pálidas, de 19 de abril. Três de dezembro é o Dia Internacional dos Deficientes Físicos.

Sete de setembro, claro, o Dia da Pátria, data em que Pedro I - dizem, tenho cá minhas dúvidas - teria bradado, espada em riste, sobre um cavalo branco: "Independência ou Morte!" às margens plácidas do Ipiranga. Pela história de vida do digníssimo Imperador, não me parece muito provável tamanha façanha.  Por via das dúvidas, taí 1° de abril, Dia da Mentira e também da Redentora, a tal revolução de 1964 que, como a viúva Porcina da novela, foi sem nunca ter sido. Para fugir do estigma do dia, os fardados tiveram a brilhante idéia de antecipar a data oficial para a véspera. Além de dar um nome mais respeitável à dita cuja: foi registrada não como golpe militar, mas Revolução. Coitado do 31 de março. Sobrou para ele.

Cá entre nós, a verdade é que todos os dias – como bem disse BenJor - são dias de Índios, Amigos, Mães, Pais, Crianças, Negros, Mulheres, Deficientes Físicos, Namorados. Enfim... Mania de inventar dia para tudo. Como se nosso afeto, amor e respeito ficassem reduzidos a um único período de 24 horas. Passada a data, é só guardar afeto, amor e respeito, cuidadosamente envoltos em celofane (para não amarelar) e acompanhados de naftalina (para afugentar traças, cupins, baratas), e retirá-los do baú 364 dias depois. Aí, então, é sacudi-los, colocar no varal para arejar e estarão novinhos em folha, prontos para serem usados de novo e outra vez. E depois, a doida sou eu!

Algumas datas, sem dúvida, são memoráveis pelos fatos históricos que homenageiam. O Dia Internacional da Mulher, por exemplo. Data escolhida em memória das 129 tecelãs americanas, carbonizadas durante um incêndio numa fábrica de tecidos, em Nova Iorque, após protestaram por melhores condições de trabalho. Justo. Justíssimo! Mas seria 13 de maio, realmente, a data adequada para homenagear a raça negra, flagelada e massacrada pela bestialidade e venalidade dos brancos? Há controvérsias. Em 1978, o Movimento Negro Unificado decretou dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra, data em que, em 1695, morreu Zumbi - líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra.

Dos Índios, então, o quê dizer? Por milênios habitantes, reis e senhores, dessa terra - antes da invasão dos europeus, que os historiadores oficiais insistem em chamar de “descoberta” –, todo dia era mesmo dia de Índio! Para instituir essa data também não tivemos qualquer criatividade. Em 1940, durante a realização do I Congresso Indigenista Interamericano no México, os índios convidados recusaram-se a participar do evento. Gato escaldo... Dias depois, entretanto, convencidos da importância do Congresso na luta pela garantia de seus direitos, resolveram comparecer. A partir de então, esse dia foi dedicado à comemoração do Dia do Índio, 19 de Abril. A escolha da data não se justifica, mas se explica.

Agora, você sabe como começou essa história de Dia das Mães, e dia dos Pais? Pois é. Iniciativas, óbvio, de filhos devotados, ambos americanos. Anna Jarvis, nascida na Virgínia Ocidental, decidiu homenagear sua mãe, em maio de 1905. A moda pegou e o democrata-ditador (depende do período histórico) Getúlio Vargas oficializou, por aqui, O Dia das Mães em 32. Já Sonora Smart Dodd quis demonstrar sua veneração pelo pai, Willian Smart. Isso em 1909. A primeira comemoração ocorreu em 19 de junho de 1910, em Spokone, Washington. Oficializada por Richard Nixon em 1972.

Só que, dessa vez, teve um filho brasileiro bem mais esperto. Não esperou a oficialização americana. A homenagem foi importada para terras tupiniquins pelo filho -publicitário Sílvio Bhering com a data de 14 de agosto. Não suspeito, segundo que seja, das nobres intenções desse filho que, acaso dos acasos, era também publicitário. Com o tempo, as necessidades do comércio e em nome da igualdade entre mães e pais, decidiu-se pelo segundo domingo de agosto.

A historinha do tal Dia dos Namorados, no Brasil, ao contrário do que possam pensar os mais românticos, não é nada diferente. Preocupadíssimo com as vendas do mês de junho (o pior mês do ano), o dono da loja Clipper encomendou, em 1949, uma campanha ao publicitário João Dória - na época na Agência Standard Propaganda . Com o apoio da Confederação de Comércio de São Paulo, instituiu a data com o slogan: "Não é só de beijos que se prova o amor" . A Standard ganhou o título de agência do ano e os comerciantes estão felizes para sempre. Até agora, ao menos.

Diz para mim: dá para levar a sério qualquer uma dessas datas? Eu não consigo. Por mais que me esforce. Claro que me rendo à sanha consumista. Como negar brinquedo aos filhos no Dia das Crianças? Aos pais, em suas respectivas datas? Namorado, esse, dá até para enganar. Mandamos um “tô dura” a título de desculpas e tacamos um beijo hollywoodiano como compensação. ‘Tá limpo. O que incomoda a mim – e a muitos – é a ausência total e absoluta de sentimentos nessa mixórdia de datas comemorativas em que se transformou o calendário. Aí é um tal de “feliz dia disso!, “feliz dia daquilo!” E vamos driblando, assim, datas e sociedade.

São frases-clichês. Impessoais. Qualquer um as diz. Todos as dizem. Dizemos para quem só conhecemos de vista, para o vizinho com quem esbarramos bissextamente, para o porteiro, para o estranho que nos abre a porta do elevador. Dizemos, por simples educação - essa hipocrisia social aceita e aprovada -, até para quem nunca vimos. E a sinceridade onde fica? Como posso dizer a quem amo a mesmíssima frase dita ao guarda de trânsito, que teve a gentileza de atrasar por segundos o fluxo de carros para que atravessasse a rua em segurança? Ele foi gentil? Muito. Merecia um agradecimento? Sem dúvida. Eu o amo? Óbvio que não!

Os politicamente corretos que me perdoem, mas esse amor latu sensu pela Humanidade não é uma característica minha. Não tenho pela nossa espécie um apreço especial. Sinto se decepciono. Mas,  em nome da franqueza, admito. Até porque não pretendo me graduar em Irmã Dulce nem fazer mestrado em Madre Thereza de Calcutá - embora as admire profundamente.  Tudo o que desejo, nesse momento, é dizer às pessoas a quem amo - sem me valer de clichês ou datas - que eu verdadeiramente as amo.

E, por amá-las tanto, desejo que tenham PAZ. Que vivam em HARMONIA consigo mesmas. Que não permitam a outrem lhes ditar normas e regras para o seu viver. Desejo que vivam em COMUNHÃO com suas emoções. E se, para serem coerentes consigo mesmos, for necessário parecer incoerentes aos olhos míopes do mundo, pois que sejam! Essa PAZ é conquista pessoal e intransferível. Portanto, queridos, rogo a Ele que lhes dêem coragem para buscá-la. Humildade para obtê-la. Atitude para mantê-la. Coerência para vivê-la.

Em tempo: Para quem não sabe (nem eu sabia, fui pesquisar) hoje, 26 de julho, é o Dia dos Avós. Feliz Dia dos Avós para todos os avôs e avós do planeta!


Simone Salles

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Aleijadinho, Maial e concursos literários



Os profetas Isaías, Jeremias, Baruc e Ezequiel,
respectivamente. Fotos: Natália Martins - 2010.


 
  Nascimento de Aleijadinho (1730, Vila Rica/MG):    0  poesia          0  prosa 
  
  
  Regulamento do IV Prêmio Literário Cidade Poesia (até 19/10) 
  
  
  
  
  
  
 

 
 

ARROZ, FEIJÃO E FILOSOFIA







                            Filósofo é aquele cara que tem mania de criar conceitos. Gilles Deleuze e Félix Guattari, no livro “O que é a filosofia?”, mostram que filósofo é o amigo do conceito, ou melhor, ele, o próprio filósofo é o conceito em potência. Li pouco de história da filosofia. Lia os filósofos que iam aparecendo em minha vida, acidentalmente. Outros, de meu interesse, corria atrás até encontrar. Embora entenda ser importante a visão orgânica da filosofia, fixei-me com obsessão na teoria do conhecimento, aliás, utilíssima pra quem faz arte e literatura. O estalo, o lux, taí, na relação cognitiva: sujeito x objeto x prisma de análise, os condicionamentos do sujeito cognoscente, etc. Após tanto debater-me no processo do conhecimento, acabei pai de filosofia. Modestíssima a minha, só para o gasto, construída no quintal da casa, a protonathural, que carrego comigo sempre para onde vou e que apesar de séria, é motivo de riso para os outros. Li e confundi vários filósofos ao mesmo tempo. Pegava a mônada no ar, e póft, a abatia à tiro, como um verdadeiro tiro ao pombo, ou tiro ao prato. Uma coisa sobre filosofia aprendi e isso digo de boca cheia: tem tudo a ver com samba e poesia. Não se aprende estudando sua história. Não se aprende nos templos afamados do saber. Não se aprende nos grandes museus e cemitérios de livros. Filósofo, é de nascer pronto. Ou mais certeiro: filósofo já nasce filósofo. Tem tino. Alto poder de abstração. Aquele olhar grave que estraga qualquer festa, como expressou Erasmo de Roterdã, no seu O elogio da loucura. Filósofo é deslocado. Distraidão. Só pega no tranco. Na fase oral, tem a estranha mania de morder os bicos dos seios da mãe e cuspir fora a chupeta de borracha.
                            Além, muito além de criar conceitos, ou sê-los, os conceitos em potência,  filósofo é aquele cara que desde menino, não sabe brincar com as outras crianças. Tudo que faz dá errado. Não sabe ganhar dinheiro, namorar, atleticar. Filósofo, é acima de tudo indolente e reparador. Vejam que em reparador está praticamente a potência máxima do protofilósofo. Reparar é observar, criticando silenciosamente. Etc. Filósofo já sai pronto de forma. A ninguém se deu ou se dará o poder de fabricar filósofos. Convive o triste, com o são desequilíbrio construtivo, oscilando entre imanência e transcendência. Não adianta subir o longo calvário do conhecer histórico e canônico da velha filosofia, especialmente a ocidental, que é criação humana, racional e cerebrina, para tornar-se um dia filósofo, se não se detém o dom inato, de profunda observação dos fenômenos. Criar conceitos é apenas uma das faculdades com as quais os  filósofos se armam. Além dessa muitas outras espocam, como estrelas, no céu da vida daquele pobre coitado que nasce com o mal grave da Triphistophilosophia. Primeiro: filósofo que é filósofo deve saber situar-se no tempo e no espaço. Impor-se pelo pensamento. Pensamento que deve trazer no mínimo, algo do seu próprio  pensar. Pensar que não pode ser mera revista do que lera de outros filósofos ou veio a aprender em escola. Para tanto, filósofo deve trazer sempre sob as vestes, o opúsculo extraordinário de sua lavra. Um opúsculo qualquer de no mínimo vinte ou trinta laudas de um só-pensar-particular,  legítimo, autêntico, nem que seja no próprio equívoco desse seu detido pensar. Equívoco que poucos terão coragem de um dia em vida acusar ao nosso amigo filósofo. Lembrando que muitas grandes filosofias viveram apenas de uns poucos conceitos, não é preciso escrever muito para se conceber uma filosofia original. A obra realmente é de fundamental importância na vida do filósofo que se habilita. É de se compor o filósofo convicto, o seu pequeno livro, aberto aos espíritos, o livro que revele o pensar singularíssimo, de ser e estar no mundo entre as coisas. Tudo isso, que é quase-nada, fazer, sob pena de passar em branco, como uma traça tonta, a vagar, nas páginas do processo filosófico, sobre as sentenças (conceitos) dos outros.  Afluir, entre as antinomias: identidade e contradição, ser x não-ser, causa e efeito, sujeito x objeto, transcendência e imanência, presença x não-presença, essência e aparência, etc. Segundo: filósofo é de trazer claro no espírito sua visão do mundo e da nathureza como um todo, eis que como sujeito é objeto no social e como objeto é também sujeito que conhece e como pensador, é capaz de interferir na natura das relações, fixando em ato seu pensar das coisas, que não pode ficar meramente no plano do pensamento pelo pensamento, mas traduzir-se em ação, interferência transformadora. Pensar é revolucionar. O pensamento sim, aplicado em ato, um fazer sobre todas as coisas, subverte o real. Filósofo é de ter também finalidade. A mínima possível, por exemplo: mudar o mundo. Filósofo que é filósofo sabe disso. Mudar o mundo é fácil e deve ser feito no todo dia, no almoço com a família. No sofá, quando todos dormem, depois da meia-noite. Nesse horário é melhor, porque pessoas, ah pessoas, essas sempre vão querer evitá-lo nas suas longas preleções. Outra coisa: nunca participar de ideologias coletivas. Ter falsa consciência da realidade, em deliberando sozinho sobre o vaso sanitário. Filósofo é de estar na rua, informadão. Transar com a semiótica. Antropologia. Arte. Poesia. Estar com canais de comunicação abertos. Holístico.  Filósofo é de ser fogo. Filósofo é de ser gelo. Tudo deve saber. Com tudo deve interagir. E com nada ao mesmo tempo, retornando à origem, ao instinto básico de contemplação das estrelas. O ímpeto selvagem é que deve levar o filósofo em sua caminhada rumo a alguma coisa que pode ser a revelação da cósmica razão do existir. O conhecimento é um reflexo da nathureza no ser. A voz de Hegel, soando baixinho entre as árvores. A voz sisuda, autoritária, que ante todo o metafisismo, alerta sobre o não afastamento demasiado do filósofo da nathureza, onde encontram-se os objetos mais importantes da filosofia. Não adianta procurar lá longe o que está aqui tão perto de ti filósofo. O problema é você, a nathureza (objetos) e o conhecimento que se tira dali, das coisas mortas, das coisas vivas, das coisas que causam, das coisas que implicam, das coisas que serenam, do tempo, da história e do vento. Filósofo é mesmo conceituador. Mania de verbo ser, o é pra tudo quanto é coisa. Poesia é produto fenomênico do pensamento. Poesia é... O tempo é cíclico. A história é repetitiva. Tudo é e deve ser  para o filósofo impetuoso, aquele que arrisca tudo no saber, como os suicidas no morrer. Sofro delírios de silogismos no de vezenquando, o que revela em mim índole conceituadora, coisa de filósofo, além do que recebo estrelas no sótão depois da meia-noite, não namoro, perco botões das camisas à toa, metafisico sob as tempestades, peripatético, com conta estourada no banco. De quebra, ainda sou fanático por linguagem. Outra afecção má do espírito, já convulso de filosofia. Imaginar na hora do lanche,  a composição de obras futuras, almejadas, tais como: A razão absolutória dos males do espírito ou Da atração da inteligência pelo mórbido. Boa parte da vida entregue às conjeturas, o quem sou? de onde venho? para onde vou? porque? pra quem? como? Sempre um fio invisível enredando teu corpo, teu espírito de filósofo na hermética teia da  aranha absoluta. Enredando. Desafiando. Que é pra se perquirir. Que é pra se engendrar pelo cognocer elevado. Que é pra repercutir verdades transfinitas. Que é pra subverter o real e o certo. Que é pra... Arroz, feijão e filosofia, é de se pôr na mesa todo dia. Filosofia a louca preciosa. A insubordinada que atenta contra as profissões contemporâneas, eis que convida ao ócio criativo e resgata a reflexão questionadora. Filosofia a desordeira. A santa. A obstinada. A traiçoeira, que mata de mentirinha a vida, antes da vida nascer. A que das perguntas faz respostas e das respostas, faz propriamente filosofia.

                            Antes que me caia uma tartaruga na cabeça, derrubada por alguma águia distraída. Antes que me caia um balde de tinta de cima da escada de frente à loja. Antes de tudo, que o filósofo que é filósofo se perca e se reencontre na vida e no pensamento, a fim de haurir do nada que é tudo uma razão feliz,  de muito amor e elucubração para a vida presente e futura.

Jairo B. Pereira



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Félix, Alphonsus e Goethe




ANOTAÇÃO Nº 13

O difícil é ser sábio de coração, crescer como um homem. Mesmo porque nas rodas burguesas esta questão de ser adulto traz sempre qualquer coisa de verme.
Anterior a qualquer ato de dovardia ou comércio, o menino pergunta. Seu tempo salta de dentro para fora, e cavalga a longa alma das coisas antes que os amestrados relógios possam aprisioná-lo.
Por isso é que o poeta conversa com o sino das torres, com a nuvem turva ou com o raio de sol ainda atrás dos montes.

                                                     Moacyr Félix

                                                                                          Do livro: Introdução a escombros, 
                                                                                          Bertand Brasil, 1998, RJ


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NO CATETINHO
I
Ali no Catetinho há olhos d'água
bosque em que a sombra como que reluz.

Do Catetinho foi que Juscelino
como o terno Bernardo, imaginou

ao longe uma cidade se espraiando.
Qual não teria sido o sentimento

que dominou na solidão completa
deste planalto? Pois que ontem, agora,

ao longe se ergue a que ofegante alma
adivinhou, no grande descampado

fluindo em brisa e luz, transluminosa
e docemente branquejando como

bandos de garças. (Foi assim que um dia,
pisando o seu cigarro mais puro

fumo goiano, o meu avô Bernardo
dentro do coração te adivinhou.)

                         
Alphonsus de Guimaraens Filho

Do livro: Brasília na Poesia Brasileira - 
Antologia, Ed. Cátedra/Pró Memória INL
RJ/Bsb, 1982



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Nascimento de Goethe (1749, Frankfurt/Alemanha)

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Abismo em construção




Lá estão, na labuta, os operários.
E não demora o prédio risca o céu,
para abrigar uns tantos milionários
em tudo tão atentos ao que é seu.
Antigos, imutáveis, tais cenários
deixam marcas profundas de um cinzel.
São chagas, cicatrizes. Sinais vários
de que a abolição nunca floresceu.
Em breve haverá câmeras, alarme
e grades protetoras do perigo
na falsa sensação de haver abrigo.
"O mundo por si só que se desarme"
muitos ali na certa pensarão.
E assim, apaziguados, dormirão.

                         Wanderlino Teixeira Leite Netto
Do livro: Café pingado, Muiraquitã, 2012, Niteroi/RJ

Buss e Berg

 

 

Poesia

 Temáica cidades internacionais: Havana, Alcides Buss

Prosa

 Coluna trimensal de Marli Berg: "Livros em Blocos"

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Maturidade






Já não mais chego dando abraços, também não fumo mais cigarros aos maços nem ando pela noite aos tropeços. Com o tempo aprendi a avaliar melhor os preços.
Economizar a personalidade, multiplicar endereços, desconfiar da cumplicidade.
Desconsidero alegoria e adereços, foco no essencial, o objetivo, já não preciso de motivo ou desculpa, também devolvi toda a culpa, estava azeda...
Já não mais me despeço, meço com muito mais cuidado qualquer distância, principalmente a que me afasta da infância. Se me interesso? Bem menos. Apenas no que me diz respeito. Ainda tropeço, mas não caio, teimosa, ainda sonho com lugares amenos sem trovão ou raio, povoados de peitos abertos e abraços plenos.
Mas se não encontro, não me deprimo, suprimo o que não é luminoso, detenho-me no que pode ser prazeroso afinal esta estrada é breve e o caminho espinhoso. Não mais insisto com nada, porém não mais me dispo, deixando a alma exposta para qualquer olho desconhecido. Agora que já comi mil eras reconheço as feras nas peles de ovelhas, não atiro pedras pois também tenho telhas, muito embora sejam de barro, não de vidro. Carrego comigo apenas uma grande certeza: Viver é esculpir a própria imagem em um bloco de beleza.

Ana Laura Kosby

Cortázar!

 

Nascimento de Júlio Cortázar (1914, Embaixada da Argentina em Ixelles)   
e homenagem de Felipe Fortuna

sábado, 23 de agosto de 2014

Rodolfo Valentino, Vicente Celestino e Menotti del Picchia

Três grandes estrelas das artes




Rodolfo Alfonso Raffaello Pierre Filibert Guglielmi di Valentina D'Antonguolla, conhecido como Rudolfo Valentino (6 de maio de 1895 -23 de agosto de 1926) foi um ator italiano radicado nos Estados Unidos.
Em 1913 imigrou da Itália para os Estados Unidos, tendo trabalhado como jardineiro e lavador de pratos. Em 1918 fez pequenos papéis em Hollywood. Sua fotogenia e habilidade como dançarino lhe garantiram um lugar no elenco de Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, em 1921, que o transformou em astro.
Morreu em consequência de uma úlcera, aos 31 anos de idade. Oitenta e oito anos de morto.



Antônio Vicente Filipe Celestino (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1894 — São Paulo, 23 de agosto de 1968) foi um dos mais importantes cantores brasileiros do século XX. Quarenta e seis anos de morto.


Menotti del Pichia aos 90 anos de idade


Paulo Menotti Del Picchia (São Paulo, 20 de março de 1892 — São Paulo, 23 de agosto de 1988) foi um poeta, jornalista, tabelião, advogado, político, romancista, cronista, pintor e ensaísta brasileiro. Vinte e seis anos de morto.

Informações de textos: Wikipédia

Dia do Internauta



A data escolhida para homenagear a Internet e seus milhões de usuários é o dia 23 de agosto, mês em que se comemora o surgimento do World Wide Web, o famoso WWW. É em virtude dessas letras que se torna possível o acesso à rede mundial de computadores de forma ágil, simples e eficaz.

No dia 6 de agosto de 1991, na Suíça, que o projeto WWW foi publicado por Tim Berners-Lee, nos laboratórios da CERN (Organização Pan-européia de Pesquisa de Partículas). Por esta razão, o mês de agosto marca a estreia da web como um serviço publicado na Internet. Esta criação permitiu que qualquer usuário pudesse utilizar a rede de comunicação mundial Internet, interconectando todos os documentos digitalizados do planeta, tornando-os acessíveis em qualquer lugar do globo. Trata-se, provavelmente, da maior revolução na história da escrita desde Gutenberg e a invenção da imprensa.

Porém, foi o dia 23 de agosto que ficou conhecido mundialmente logo depois que uma imensa passeata, com o objetivo de celebrar importância do ciberespaço, reuniu milhares de pessoas na Praça Campo de Bagatele, após o IGF Brazil (Internet Governance Fórum).


De acordo com dados do Ibope Nielsen Online, existem mais de 64,8 milhões de internautas no Brasil, e, a cada dia, cerca de 500 mil pessoas entram pela primeira vez na web. Mais de 20 horas de vídeo dão disponibilizados no YouTube a cada minuto, e, a cada segundo, é criado um novo blog. Em 1982, havia 315 sites na Internet, hoje, existem mais 174 milhões. Por internauta, entende-se o usuário de Internet, aquele que navega na Internet.

Créditos: 

http://www2.portoalegre.rs.gov.br/pwdtcomemorativas/default.php?reg=30&p_secao=16

http://www.geek.com.br/

Crédito da Imagem: Fluffylinks.com