domingo, 28 de outubro de 2012

CHEIRO DE PRIMAVERA ENVOLVE LIVROS QUE CHEGARAM COM A ESTAÇÃO


Coluna de Marli Berg em Blocos

Títulos excelentes, livros da maior qualidade, variedade nos temas, preços mais acessíveis. Tudo isto e muito mais nos traz a primavera, estação perfumada e alegre, marcada pela esperança em dias bons e plenos de realização. Se você gosta de ler, saiba que as estantes das livrarias estão cheias de títulos de primeira linha, que satisfarão sua curiosidade, apetite por novos conhecimentos, e desejo de ampliar, cada vez mais, seus horizontes existenciais e culturais. Dê uma olhada nos títulos que sugerimos hoje.

1 – Política / Opinião Pública

Fidel: O Tirano Mais Amado do Mundo (Leya), do cientista político cubano-americano Humberto Fontova, narra a verdadeira história da Revolução Cubana e seu líder, Fidel Castro, através de depoimentos e relatos de pessoas que sobreviveram a La Revolución. Por que – pergunta o autor - deveríamos admirar e aplaudir os atos de um homem que matou, e ainda mata, muito mais que os grandes ditadores da história recente da América Latina?

Fidel, que tornou-se conhecido por expulsar o ditador Fulgêncio Batista da Ilha, tornou-se um ditador ainda mais cruel do que aquele que depôs. Humberto, que foi vítima de Castro, nasceu em Cuba, em 1954, e fugiu da revolução de Fidel com a família, em 1961, tendo sido aceito como refugiado nos Estados Unidos, onde se formou pela Universidade de Nova Orleans, mostra que em Cuba, os cidadãos vivem sob o domínio total do governo, sem direito a posse de propriedades, ao simples direito de ir e vir, ao consumo livre e a liberdade de expressão. Ele afirma, também, que Fidel destruiu a economia do país, e o tornou dependente financeiro das grandes potências. Frente a todas estas evidências, o autor pergunta por que os engajados sociais ainda defendem este homem como grande governante? Um livro esclarecedor, que apresenta um Fidel sem disfarces, mostra a tragédia de um povo esfacelado por uma revolução feita em nome dele, e leva a reflexão sobre um regime que nasceu com um objetivo que jamais foi cumprido: o bem estar social.

2 – Relato Biográfico/ Incesto/ Abuso Sexual

Não Conte Para a Mamãe: Memórias de Uma Infância perdida
, (Bertrand Brasil) trágico relato autobiográfico da inglesa Toni Maguire, nos apresenta uma história de estupro, abuso sexual e crueldade, praticados por um pai contra a filha, dos 5 aos 14 anos, quando ela engravidou, foi submetida a um aborto, e sofreu uma complicação que a fez perder o útero, e tornar-se incapaz de gerar uma criança. Despojada, corajosa, Toni vai fundo em seu relato, profundamente magoado, principalmente pela indiferença da mãe, que sempre deu sinais de ter plena consciência do que acontecia entre o marido e filha.

Omissa, ela não fazia segredo que seu grande amor era o marido bonito que, quando bêbado, se tornava violento, e, além de abusar sexualmente da filha, ainda descarregava a agressividade na menina. Quando, finalmente, a verdade veio à tona, e o pai foi para a prisão, Toni sofreu com a rejeição da avó e de toda a família paterna, que passou a tratá-la com raiva, como se fosse culpada do comportamento sádico que sofrera, durante anos, do pai. Um livro de cortar o coração, narrado com brilho, enquanto a autora acompanha os últimos momentos de vida da mãe no hospital, cheia de recordações dolorosas, que deverá enterrar para conseguir levar a vida adiante. Uma beleza de relato, que pode servir de alerta a muitos adultos que, às vezes, por angústia, fecham olhos e ouvidos à realidade que se desenrola a seu redor.

3 – Brasil/ Parques Nacionais/ Ecologia

Escrito pela bióloga Nurit Bensusan, com ilustrações de Guazelli, Labirintos: Parques Nacionais (Peirópolis) reúne informações sobre 12 parques nacionais brasileiros, e faz uma divertida viagem pelos labirintos inspirados nos territórios aquáticos e terrestres de cada um destes santuários ecológicos, com um alerta sobre a conservação de nossos parques.

Para desbravar cada um dos labirintos ecológicos, Nurit recorreu a um texto leve, com dados chave sobre os mais variados parques brasileiros. Os registros, que incluem data de criação, área e localização tem, entre os destaques, o Parque Nacional de Abrolhos, dos Lençóis Maranhenses, do Grande Sertão Veredas, e do Pico da Neblina. Segundo a autora, o livro “ quer mostrar, também, que o grande desafio brasileiro continua sendo o de conservar a diversidade biológica do país, sem causar mais exclusão social, e sem prejudicar as comunidades locais.”Colorido, bonito, com um texto de altíssimo nível, o livro de Nurit Bensusan informa, com palavras, mas sem deixar de impressionar a visão . o que amplia o entendimento e apreensão.

4 - Ficção Americana/ Romance

A americana Jetta Carleton trabalhou como professora, redatora de rádio e TV em Nova Iorque, e dirigiu uma pequena editora com o marido. Publicou um único romance: Damas-da-Noite (Bertrand Brasil), mas que foi suficiente para elevá-la a condição de uma das maiores escritoras americanas do século XX. O livro, que marcou uma geração, chega ao Brasil cinqüenta anos após sua primeira edição, nos Estados-Unidos, mostrando o cenário rural americano numa época conturbada, depois da Segunda Guerra Mundial. Em 1963, o romance recebeu o National Book Award, tornando-se, então, um clássico da literatura americana.

A história começa quando os recém casados Matthew e Callie se mudam para uma fazenda no oeste de Missouri, onde nascerão suas quatro filhas, todas de personalidade forte e independente. Mestre na arte de elaboração de personagens, Jetta acompanha a vida da família ao longo de 50 anos, contando sua história, que tem, como pano de fundo, a vida rural no Meio-Oeste americano. Uma saga familiar tocante, que seduz o leitor, levando-o a acompanhar meio século de vida de uma família americana, retratada numa trama encantadora, envolvente e eterna, já que se tornou um clássico.

5 – Literatura Brasileira / Infanto-Juvenil
Numa belíssima edição, a editora Global relança uma das obras-primas da literatura infanto-juvenil brasileira: Ou Isto ou Aquilo (Global) de Cecília Meireles, publicada, pela primeira vez, em 1964, e que deixou marca profunda na memória afetiva de diversas gerações de leitores.

Cantigas de ninar, de roda, e trava-línguas são formas de expressão muito próximas do mundo da criança,e que, neste livro, são muito bem usadas pela autora, que joga com as palavras, criando um universo encantador,ao explorar a sonoridade, o ritmo, as rimas as repetições e a musicalidade. As ilustrações em aquarela, do premiado artista Odilon Moraes enriquece ainda mais esta belíssima reedição, que já pode entrar na lista dos presentes que já pode entrar na lista dos presentes que vamos dar no Natal.

domingo, 21 de outubro de 2012

O ALUNO RELAPSO


            Eu era o primeiro da aula; ele, o último.
            Cumulado pelos elogios dos professores e o orgulho familiar, eu invejava, do fundo do coração, o colega turbuleno sentado emblematicamente no último banco.
            Ele fumava nos recreios, desafiando o olhar suspeitoso dos vigilantes (e, entre gragadas enérgicas, proclamava atrividamente a inexistência de Deus), enviolvia-se em episódios truculentos, vangloriava-se de proezas sexuais nem sempre ortodoxas. Seu rendimento escolar era praticamente nulo e os professores, irmãos maristas, submetiam-no a continuados exercícios de humilhação. Mas eu o invejava; ele significava, para mim, a aventura e a transgressão.
            Uma tarde de domingo, o acaso nos fez caminhar juntos pelas ruas da cidade. Não lembro o que conversamos — do longo passeio, que só terminou ao sol-posto, ficou apenas a recordação de que ele me ofereceu um cigarro, por mim recusado.
            O encontro inesperado repercutiu na mesa familiar e chegou aos ouvidos dos irmãos maristas, pela boca de alguns piedosos delatores. Fui advertido de que deveria evitar a companhia indigna, licenciosamente aparelhada para desviar-me dos estudos e do bom caminho.
            Da avalancha de notas más que lhe juncou a trajetória escolar, resultou a sua reprovação, no fim do ano. Perdi-o de vista.
            Quarenta anos depois, numa viagem a Maceió, voltei a encontrar o aluno relapso. Ele pertencia à novre linhagem dos alagoanos que, amando a terra natal como as cobras amam seus ninhos de pedra, não emigram. Era professor de Direito e desembargador, rico e respeitado, de tendências políticas cerradamente conservadoras ou mesmo autoritárias. Considerava a religiâo um freio indispensável para sustar os desatinos humanos, e entendia que só o pulso forte das instituições militares tinha o poder de conjurar a vocação deletéria da sociedade civil e evitar a anarquia nacional.
            O desenho final não correspondera ao rascunho da adolescência. Nem sequer fumava, como se os cigarros furtivos do tempo do colégio tivessem sido incluídos na sua lista de condenações e olvidos.
Vivre avilit — foi esta frase de Henri de Régnier que ressou na minha memória no instante em que o vi passar, severo e compassado, rumo ao Tribunal de Justiça. O Rimbaud sem gênio se convertera num intolerante julgador de outros homens.
            A vida rouba os nossos sonhos, mas há algo que a grande ladra não consegue levar. A deserção formidável fizera de mim o herdeiro do aluno relapso. O sentimento de aventura e transgressão, de que ele se despojara em sua metamorfose espiritual, passara a ser meu.
            Eu desmentira os vaticínios que rodeavam a minha austera reputação de primeiro da aula, tornando-me um poeta, e era agora, na idade madura, o aluno relapso que secretamente desejara ser na adolescência.
            O ato de viver não me envileceu.

Lêdo Ivo

Do livro: O aluno relapso, Nemar-Massa Ohno/Editores, 1991, SP

sábado, 20 de outubro de 2012

Horário de Verão!

 

Nascimento de Arthur Rimbaud (1854, França) poesia prosa

Dia Nacional da Poesia (Lei 166/ 76): diversos poetas

Literatura

Poesia

Poesia ilustrada: José Inácio Vieira de Melo

Prosa

Coluna mensal de Solange Firmino: Mito em Contexto

 

    HORÁRIO DE VERÃO

      Mas que tempo interessante:
      nos dá uma hora a mais
      e um verão dois meses antes...

                                                                                          Leila Miccolis

    domingo, 14 de outubro de 2012

    MÁGICO

     

    Querida, eu não me queixo de nada; desta cartola que me deu, saem mais do que coelhos e lágrimas. Acostumei a ser mágico, afinal assim é o dia que nasce, na pura beleza diamantina;segue em inícios de tarde e avermelha a vista de tanta beleza e vertigem... E você lá, impávida, em seu abracadabra panorâmico, em sua voragem de luz, ensimesmada. Que posso fazer? Talvez trazer à tona um monstro veloz ou um gato de pura lanugem? É sonho, sai uma quimera por vez do fundo, e eu no palco vagabundo tendo de fazer um trato com o tempo, para lhe afagar a face; talvez já não precisasse, eu já não sei se é sonho ou verdade tudo o que você diz, essas coisas que lhe ocorrem. Lendas? Mitos? Seu olhar esgazeado fixa o copo à mesa, na toalha manchada de batom e ferrugem... Mais uma vez tenho de fazer uma alquimia, trazer da sombra um facho de luz e lhe mostrar os caminhos mais estranhos e você aí, parada. Eu? não me queixo de nada, mais nada, meu bem. Só que de mágica, não se vive, nem se constrói um tanto sobre um castelo de cartas. Eu depois de tantos encantos, rendo-me aos tantos foras que me deu, me recolho a um canto, saio de chapéu e tudo e digo: Adeus.

    Flavio Gimenez

    sexta-feira, 12 de outubro de 2012

    Nossa Senhora da Conceição Aparecida

     

    Popularmente chamada de Nossa Senhora Aparecida, é a padroeira do Brasil, venerada na Igreja Católica. Um título mariano negro, Nossa Senhora Aparecida é representada por uma pequena imagem deterracota da Virgem Maria atualmente alojada na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, localizada na cidade de Aparecida, em São Paulo. Sua festa litúrgica é celebrada em 12 de outubro, um feriado nacional no Brasil desde que o Papa João Paulo II consagrou a Basílica em 1980. A Basílica é o quarto santuário mariano mais visitado do mundo, e é capaz de abrigar até 45.000 fiéis. (texto retirado de:

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_da_Concei%C3%A7%C3%A3o_Aparecida

    …………………………………………….

    O HINO

                  Há um hino brasileiro que canta assim:

    “Viva a Mãe de Deus e nossa
    Sem pecado concebida
    Salve Virgem Imaculada
    Ó Senhora Aparecida.”

                   Ao ouvi-lo, no Campo de Marte, o Papa animou-se e começou a sorrir. O comentarista da televisão disse que ele sorria porque ia dar a bênção... Mas não: Bento 16 alegrou-se por ouvir aquele hino. Ele já se tinha levantado do trono de madeira onde se assentara e caminhava. Ele já andava, sério, circunspeto, misterioso, sereno, em direção à saída, já estava em pleno movimento quando a grande massa humana começou a cantar: “Viva a Mãe de Deus e nossa / Sem pecado concebida / Salve Virgem Imaculada / Ó Senhora Aparecida.”

                  Foi aí que ele começou a sorrir, a ser feliz, a animar-se com aquele sopro de alegria que vinha do cântico.

                  Quando esteve no Brasil, o Papa João 23 disse: “Desde que pus os pés em terra brasileira, nos vários pontos por onde passei, ouvi este cântico. Ele é, na ingenuidade e singeleza de suas palavras, um grito da alma, uma saudação, uma invocação cheia de filial devoção e confiança para com aquela que, sendo verdadeira Mãe de Deus, nos foi dada por seu Filho Jesus no momento extremo da sua vida para ser nossa Mãe.” (Pronunciamentos do Papa no Brasil, Edit. Vozes, Petrópolis 1980).

                  Que hino é esse?

                  Pelo que descobri (mas posso estar errado), parece que se chama “Hino do peregrino”, e é composição do Padre João L. Talarico e de J. Vieira de Azevedo. Não sei. Só sei que é belo. E invocador.

                  Mas enquanto escrevo esta crônica nada mais sei. Assim o hino canta:

    Viva a Mãe de Deus e nossa
    Sem pecado concebida
    Salve Virgem Imaculada
    Ó Senhora Aparecida
    Aqui estão vossos devotos
    Cheios de fé incendida
    De conforto e de esperança
    Ó Senhora Aparecida

    Virgem Santa Virgem bela
    Mãe amável, Mãe querida
    Amparai-nos, socorrei-nos
    Ó Senhora Aparecida.

                  O hinário a Maria e outras santas é muito antigo no Brasil e Portugal. Já José de Anchieta escrevia: “Cordeirinha linda, / Como folga o povo, / Porque vossa vinda / Lhe dá lume novo. / Cordeirinha santa, / De Jesus querida, / Vossa santa vida / O Diabo espanta. / Por isso vos canta / porque vossa vinda / lhe dá lume novo.“ (Pe. Joseph de Anchieta, SJ: Obras completas V, sv. 1, Ed. Loyola, São Paulo, 1984, p. 112-13.)

                  Na literatura portuguesa, devemos a Gil Vicente, no “Auto da alma”, um dos seus melhores momentos:

    Se se pudesse dizer
    se se pudesse rezar
    tanta dor;
    Se se pudesse fazer
    podermos ver
    qual estáveis ao cravar
    do Redentor!
    Ó fermosa face bela,
    ó resplandor divinal,
    que sentistes,
    quando a cruz se pôs à vela,
    e posto nela
    o filho celestial
    que paristes?

    Vendo por cima da gente
    assornar vosso conforto
    tão chagado,
    cravado tão cruelmente,
    e vós presente,
    vendo-vos ser mãe do morto,
    e justiçado!

    Ó Rainha delicada,
    santidade escurecida,
    quem não chora
    em ver morta e debruçada
    a avogada,
    a força da nossa vida?

                  Apesar da media, o Papa Bento 16 pode considerar sua viagem um sucesso. A media não poupou: disse que ele criticou a imprensa, disse que “brasileiro aplaude tudo”. Naqueles dias nós brasileiros fomos chamados de “fiéis”, falaram em “discurso duro” (que eu não ouvi), deixamos de ser seres humanos para ser “fiéis” e do discurso de 30 minutos tiraram uma frase e a colocaram na primeira página do jornal...

                  Mas longe, bem além, acima daquela mesquinharia, ouvia-se um belíssimo cântico:

    Viva a Mãe de Deus e nossa
    Sem pecado concebida
    Salve Virgem Imaculada
    Ó Senhora Aparecida!

    ROGEL SAMUEL

    Dia das Crianças!

    Dia do Descobrimento da América, Eduardo Pérsico (Argentina)

     Nascimento de Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810)

    Nascimento de Fernando Sabino (1923, Belo Horizonte/MG), Nazilda Corrêa

    Dia Mundial do Ovo (segunda sexta-feira): receitas vegetarianas

    Dia da criança:    poesia prosa

     Doce culinária vegetariana

    Frases da semana

     "A idade não nos torna adultos. Não! Faz de nós crianças de verdade" - Goethe

    "Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar" - Monteiro Lobato

     "Não devemos explicar nada a uma criança, é preciso maravilhá-la" - Marina Tsvetana

    Concurso Literário

     Resultado da 2ª edição do Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso

    Poesia

    Temática cidades brasileiras: São Paulo, Raul Christiano Sanchez

     Temática saudade: R. B. Sotero

    Prosa

     Temática ofícios/profissões: Equilibrista, Tania Diniz

     Conto fantástico: Ana Laura Kosby