Os países europeus e americanos sempre olharam a África como aquele exótico lugar de caçadas, animais e tribos exóticos como nos filmes de Hollywood. Mas nem sempre foi assim. Os povos da África, como as tribos brasileiras, foram as maiores vitimas do “progresso” e da Modernidade desde o Século 19. Dia 16 de janeiro de 1961 morreu assassinado na África, o continente de todos, Patrice Lumumba, vitima dos paises desenvolvidos. Morreu com 35 anos de idade, assassinado, torturado e heroi. Depois vieram Kwame Nkrumah, Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Samora Machel.
Agora o ex-presidente Lula participou do Fórum Social Mundial, que realizou sua 11ª edição em Dacar, no Senegal.
A escolha da África para a primeira viagem internacional fora do poder é estratégica, pois Lula sabe o que aconteceu no continente, um dos focos de atuação do seu futuro instituto.
Ele participará de debate com o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, e será um líder informal da delegação brasileira. Num gesto de deferência, o Planalto escalou seu ex-chefe de gabinete, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), como chefe da comitiva oficial.
Também irão a Dacar as ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Luiza Bairros (Igualdade Racial).
Acompanham Lula o ex-presidente do Sebrae Paulo Okamotto e o ex-ministro Luiz Dulci (Secretaria-Geral), ambos da equipe do instituto.
Gabinete de Segurança Institucional designou quatro militares para protegê-lo o que é um direito dos ex-presidentes. De volta ao país, Lula será homenageado pelo PT, que reunirá ministros e congressistas para aplaudi-lo num teatro em Brasília.
Segundo o PT, a presidente Dilma Rousseff ainda não confirmou presença. Parte dos dirigentes defende que ela não vá para não dividir os holofotes com o antecessor.
"Vai ser um marco histórico. Lula governou por oito anos, elegeu a sucessora e agora volta para fazer política no PT. Ele não vai vestir o pijama de jeito nenhum", diz Francisco Campos, membro do Diretório Nacional do PT.
Pelo roteiro, Lula agradecerá o apoio a seu governo e pedirá que a militância continue mobilizada a favor de Dilma. Ele deve defender a reforma política, causa à qual promete se dedicar após a criação do Instituto”.
“Todos os outros continentes - América, Ásia - foram espoliados para que a Europa pudesse trilhar as chamadas revoluções comercial e industrial, no processo de acumulação primitiva. Mas nenhum continente sofreu, além da dilapidação dos seus recursos naturais, da opressão das suas culturas e dos seus povos, a escravidão nas proporções de genocídio que ela assumiu na Africa”, escreveu Emir Sader.
Ainda hoje a exploração africana continua.
Antes de morrer assassinado, Lumumba escreveu:
"Não estamos sós. A África, a Ásia e os povos livres e libertados de todos os cantos do mundo estarão sempre ao lado dos milhões de congoleses que não abandonarão a luta senão no dia em que não houver mais colonizadores e seus mercenários no nosso país. Aos meus filhos, a quem talvez não verei mais, quero dizer-lhes que o futuro do Congo é belo e que o país espera deles, como eu espero de cada congolês, que cumpram o objectivo sagrado da reconstrução da nossa independência e da nossa soberania, porque sem justiça não há dignidade e sem independência não há homens livres.
Nem as brutalidades, nem as sevícias, nem as torturas me obrigaram alguma vez a pedir clemência, porque prefiro morrer de cabeça erguida, com fé inquebrantável e confiança profunda no destino do meu país, do que viver na submissão e no desprezo pelos princípios sagrados. A História dirá um dia a sua palavra; não a história que é ensinada nas Nações Unidas, em Washington, Paris ou Bruxelas, mas a que será ensinada nos países libertados do colonialismo e dos seus fantoches. A África escreverá a sua própria história e ela será, no Norte e no Sul do Sahara, uma história de glória e dignidade.
Não chores por mim, minha companheira, eu sei que o meu país, que sofre tanto, saberá defender a sua independência e a sua liberdade.
Viva o Congo! Viva a África!".
Rogel Samuel